domingo, 28 de abril de 2013

Porcelanato, grés ou azulejo?


Porcelanato, grés, azulejo

O que diferencia as cerâmicas? Conheça as características e o comportamento
de cada revestimento antes de especificar

O Brasil ocupa a quarta posição mundial na produção de revestimentos cerâmicos, perdendo apenas para China, Itália e Espanha. Não há nada de anormal em sermos um dos países onde mais se especifica esse tipo de acabamento para pisos e fachadas.
O que impressiona é o fato de grande parte das patologias decorrer da falta de projeto adequado e conhecimento das características técnicas dos revestimentos cerâmicos, que dependem da correta especificação e assentamento para oferecerem o desempenho ideal.
Classificados de acordo com a porosidade do biscoito (base) e pelo método de fabricação, os revestimentos cerâmicos podem ser do tipo porcelanato, grés, semigrés, semiporoso, poroso, azulejo e azulejo fino.
"A absorção de água é um indicativo da resistência mecânica de um revestimento cerâmico".  De acordo com a norma, para cada grupo de absorção de água (porosidade) é associada uma carga de ruptura mínima e um
módulo de resistência à flexão mínimo.
"Peças mais porosas resistem menos à ruptura". Tão importante quanto conhecer as propriedades dos revestimentos cerâmicos é saber especificá-los corretamente de acordo com o local de uso. Os revestimentos cerâmicos devem, antes de qualquer coisa, resistir às exigências das cargas a que serão submetidos e que dependem do local da aplicação. "As exigências de uma fachada ou parede são bem menores do que a de um piso, que está submetido a maiores esforços mecânicos".

Vermelha x branca

No que se refere à aparência, os materiais cerâmicos são encontrados em diferentes padrões, texturas, formatos e cores. "Cerâmica vermelha, por exemplo, é uma denominação muito utilizada para fabricação de
peças estruturais (tijolos e telhas), enquanto cerâmica branca é um termo mais utilizado para fabricação de revestimentos planos". As diferenças, estão na tecnologia empregada: para a cerâmica branca o processo produtivo é mais automatizado do que para a vermelha. Além disso, a fabricação da cerâmica branca faz uso de matérias-primas melhor beneficiadas e com um custo maior, que deixam a base do produto final com uma cor mais clara.
No entanto, a NBR 13818 não diferencia cerâmicas para revestimento de base vermelha ou branca. Deve-se, esclarecer que o importante é o projeto, a especificação em função do local de uso – com o conhecimento das propriedades – e o assentamento correto. Dizer que cerâmica branca é melhor do que a vermelha sem levar em consideração esses esclarecimentos é induzir o consumidor a rejeitar um produto apenas pela cor e não pelas características.
"O que importa é entender em que grupo de absorção a cerâmica se enquadra, se atende aos requisitos mínimos da norma e se é adequada ao ambiente".
A classificação dos revestimentos cerâmicos é feita pelos grupos de absorção de água (porosidade) e pelas exigências aos atendimentos das cargas de ruptura e módulo de resistência à flexão.
Pisos

Diferente da fachada, o piso cerâmico requer peças com elevada resistência mecânica, já que estará submetido a maiores esforços. Outra característica importante para os pisos é o COF (sigla em inglês para Coeficiente de Atrito Úmido). Revestimentos com coeficiente de atrito superior a 0,4 são ideais para evitar o escorregamento.
No entorno de piscinas e em ambientes públicos, esse valor deve ser superior a 0,7. "Se quisermos um revestimento cerâmico resistente a riscos – ideal para halls de edifícios, por exemplo – devemos optar por um produto com dureza Mohs igual a 7".
Cerâmicas do grupo BIIb saem em torno de R$ 10,00/m², enquanto que o porcelanato pode sair por R$ 150,00/m². O indicado para ambientes domésticos é o Semigrés ou o Semiporoso – dos grupos BIIb ou BIIa –. Garagens e cozinhas devem receber aplicação de revestimentos (com resistência mecânica mínima) do grupo BIIa. Devido à elevada resistência mecânica e durabilidade, o porcelanato (grupo BIa) e o grés (grupo BIb) são indicados para ambientes submetidos a cargas elevadas, como supermercados, shoppings e oficinas. "Isso não impede que o usuário opte pelo porcelanato tanto para o piso quanto para a parede de sua residência".

Resistência

Somente após especificar o revestimento pelo grupo de absorção de água é que devem ser avaliadas as características de superfície. A classificação da resistência à abrasão para peças esmaltadas é dada pelo índice PEI, sigla que em inglês significa Porcelain Enamel Institute.
Não há, nas normas vigentes, uma classificação exata da cerâmica quanto ao desgaste. "Trata-se de um assunto polêmico já que o ensaio para medir a resistência à abrasão é muito superficial, baseado apenas na análise visual".  A norma, deveria relacionar a dureza Mohs com dois outros valores: as resistências ao risco e à abrasão.
Essas características da superfície irão complementar a especificação
feita pelo grupo de absorção de água. Superfícies submetidas a um tráfego intenso de pessoas devem ser mais resistentes ao desgaste – PEI 4 ou 5, para superfícies esmaltadas. "Infelizmente, na maioria das vezes, os revestimentos cerâmicos são comercializados apenas pelo PEI, o que faz com que o consumidor associe a qualidade do produto à resistência à abrasão ou desgaste do esmalte". As NBR 13754 e NBR 13755, relacionadas ao assentamento de revestimento cerâmico com argamassa colante, indicam alguns parâmetros para a execução de juntas de movimentação em pisos. "Em pisos internos, elas devem ser feitas a cada 32 m², ou sempre que uma das dimensões do revestimento for maior do que 8 m", esclarece Nascimento. Em pisos externos, segundo a Norma, tais juntas devem ser feitas a cada 20 m2 ou sempre que uma das dimensões do revestimento for maior do que 4 m.

Área externa

Nos revestimentos cerâmicos para fachadas, mais importante do que a resistência mecânica é a EPU (Expansão por Umidade) do material que, segundo a NBR 13818/97, deve ser igual ou inferior a 0,6 mm/m. Por estar associada com a qualidade da queima da cerâmica (temperatura e tempo de permanência), a EPU independe da absorção de água da cerâmica.
"Se a argila da matéria-prima for queimada corretamente, a água poderá entrar nos poros do material, mas não penetrará no interior dos grãos de argila". A penetração da água no interior dos grãos da argila a faz expandir ou estufar. Por não estarem submetidas a esforços tão intensos quanto os do piso, as placas cerâmicas empregadas em paredes ou fachadas não precisam ter alta resistência mecânica, podendo ser do grupo BIII, como os azulejos.
Nos anos 80, os fabricantes induziam os usuários a optarem por placas do grupo BIIa. Era uma maneira de evitar a penetração de água nos poros, já que os grãos de argila não eram queimados corretamente. Atualmente, o conceito de que uma peça que absorve menos água expande menos é uma inverdade.
Relacionada à execução de juntas de movimentação em fachadas, a NBR 13753 recomenda a execução de juntas horizontais espaçadas no máximo a cada 3 m (ou a cada pé-direito) e na região de encunhamento da alvenaria e juntas verticais a cada 6 m. "A realização de um projeto específico de dimensionamento de juntas é fundamental, já que cada fachada possui um
determinado comportamento que requer uma adaptação específica de cada material". O desprendimento das placas cerâmicas – uma grave patologia que, além de danificar a estética do edifício, pode provocar acidentes – pode ser evitado com uma paginação adequada e com a previsão de juntas estruturais e de movimentação.
Em fachadas, o ideal é utilizar argamassas ACIII e/ou ACIII-E. Essa tipologia é classificada de acordo com a NBR 14081/1988 em ACI (para interiores), ACII (para exteriores) e ACIII (para situações onde se requer maior aderência e flexibilidade).

Fachadas ventiladas

No Brasil, ainda são raros os projetos com fachadas ventiladas, sejam
cerâmicas ou de qualquer outro material. Diferente dos revestimentos tradicionais aderidos, em que as peças são fixadas ao substrato com argamassa ou colas, as fachadas ventiladas oferecem melhor isolamento térmico ao edifício, graças à circulação de ar na camada formada entre o revestimento e as paredes, ou pelas juntas abertas. "O efeito chaminé criado permite a entrada inferior do ar frio e saída superior do ar aquecido".
Além de melhorar o isolamento térmico, as fachadas ventiladas, trazem vantagens com relação ao sistema mecânico. Uma das quais é a possibilidade de uso de peças cerâmicas de grandes dimensões, o que não poderia ser feito com a fixação pelo sistema colante, principalmente com as argamassas comumente utilizadas. Outras vantagens com relação à fachada ventilada, são a facilidade na troca de peças com problemas – basta desparafusar ou desencaixar – e o fim do problema do desplacamento por falta de aderência da peça.

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