segunda-feira, 11 de abril de 2011

Teogonia



“Sozinho no escuro /qual bicho-do-mato, /sem teogonia, /sem parede nua /para se encostar, /sem cavalo preto /que fuja a galope, /você marcha, José! /José, para onde?”. Com esses versos, Carlos Drummond de Andrade encerra o poema E agora José?, um dos mais conhecidos do modernismo brasileiro. Escrito em 1942, momento de tensão e repressão política no Brasil e no mundo, em plena Segunda Guerra Mundial, o poema exprime a angústia de um homem que, face a uma grande questão, encontra-se impedido de contar com qualquer ajuda e incapaz de fazer uso de suas próprias habilidades. No trecho acima, os versos iniciados pela preposição “sem”, enumeram recursos e artifícios que fazem falta a José. Teogonia é sinônimo de “origem dos deuses” (–teo, prefixo que traz a idéia de ‘deus’, ‘divindade’ + –gonia, que significa 'origem', 'formação', 'criação'). No poema, o termo teogonia representa qualquer fé em Deus ou crença em qualquer religião. Não resta, portanto, a José, nem mesmo a opção de recorrer a uma forma mística ou espiritualizada de encarar seu problema. O verso “E agora José?” entrou para o elenco de expressões idiomáticas do português. Ao nos depararmos com uma encruzilhada ou dilema aparentemente sem saída, é comum lançarmos mão da mesma pergunta que se repete ao longo do poema de Drummond.




>>Definição do iDicionário Aulete:


(te:o.go.ni.a)

sf.

1. Ramo da mitologia que trata da origem dos deuses e descreve a sua genealogia.

2. Conjunto de deuses que constituem a mitologia de um povo.

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